domingo, 27 de maio de 2012

Cidadania , autonomia e aprendizagem significativa

Ensinar e aprender... ações relacionadas que nem sempre ocorrem simultaneamente. Muitas vezes ouvimos a expressão " mas a gente fala e a criança não aprende" como se fosse assim: no exato momento da fala ou do ensino o outro aprende. Cada um tem uma constituição e uma história de vida pessoal que pode lhe propiciar uma aprendizagem mais ou menos dinâmica.  
Falo assim pensando no encontro virtual com a Adriana, mãe do meu aluno Álvaro(8anos) que comentou sobre o horário de estudo que ele fez para estudar nesse período de greve. Pedi a ela que compartilhasse uma foto. 

Eis minha surpresa ao ver nos traços e escritos dele os conteúdos que trabalhamos em sala antes da greve e que sugeri  a eles que continuassem seus estudos em casa. Em nossa última rodinha conversamos sobre a importância do movimento de greve como exercício de cidadania para todos nós. Também pensamos nos pontos complicados para os alunos que ficariam sem aulas. Um diálogo importante tendo em vista que nossa turma acabava de estudar sobre os direitos e deveres, a ética, a cidadania e iniciávamos as discussões sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Uma coisa ficou combinada entre nós: todos buscaríamos o exercício da cidadania e que em casa cada um tentaria escolher um horário para estudar, sem que os pais precisassem exigir deles. Afinal essa seria uma atitude em busca da sua própria cidadania investindo em seus estudos com responsabilidade.

Agora após esse meu breve discurso vejam a organização e horário do Álvaro ...

Momentos assim nos animam a lutar pela educação em nosso país. Vale a pena ser professora quando de acredita no que se faz.
Eis mais um exemplo de construção de autonomia e aprendizagem significativa.
Agradeço ao Álvaro e a sua família pelo envolvimento e compromisso com o nosso trabalho e parabenizo pelas ações que nascem no seio da família e se transformam em parceria.  E torço para contagiarmos aqueles que ainda não tentaram investir junto aos seus filhos. Vamos lá pessoal, sempre há tempo.

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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Filhos em casa: o que fazer?


O que podemos fazer quando as crianças estão em casa e de alguma forma  ajudá-la nos estudos, na aprendizagem?
Se observarmos estas são ações importantes em qualquer período do ano letivo. Pensando rapidamente seguem algumas sugestões para quem tem criança pequena na escola.

1- Incentive sempre a leitura de livros, folhetos, gibis e tudo que circula entre nós.Assim a criança começa a perceber a importância de ler.

2- Adquira revistinhas de passatempos que estejam de acordo com a idade dela.Palavras novas aparecem e o vocabulário é ampliado.

3- Confecção de livrinhos com papel sulfite registrando passeios, historias inventadas e tudo mais.Ou mesmo de quebra-cabeças com imagens coloridas por ela.

4- Construção de brinquedos e engenhocas com sucatas.

5- Brincadeira com palitinhos, tampinhas e materiais para contar.

6- Jogos pedagógicos encontrados nas lojas d que atendam a curiosidade e necessidade da criança.

7- Visita a sites infantis para quem tem acesso a internet.

8- Visita a Biblioteca Pública da cidade para que a criança aprenda a conviver com esse espaço de leitura.


9- Visita aos museus da cidade....

Enfim.....


São muitas as opções para estimular as criança, vale pensar na sua própria dinâmica e escolher o que adapta melhor. Só não vale ficar parado !!! 


Vale lembrar que a família apoia o ensino e que se torna preocupante quando assumem a função de ensino , pois a metodologia usada pelo professor vem carregada de intencionalidade e de propósitos específicos para cada criança.

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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Guardados de afeto

"Dia das mães? Dia dos Pais? Pra comemorar? Vamos comemorar o dia da Família."

Essa discussão  permeada por questões comerciais, políticas, pedagógicas, costumeiras ou como queiram chamar ...fez e  faz parte de muitas  discussões e reuniões ao longo da minha carreira docente. Não é coisa nova. Aliás, nem precisaria existir tantos discursos se na sociedade em que vivemos pai, mãe e família fossem de fato prioridade.

A sociedade mudou, a família mudou e  a escola tem que mudar. Concordo. O que ainda me leva a momentos de reflexão é a essência da mudança. Celebrar datas não deveria ser a essência, mas sim os valores. Festejar para consumir não contribui na formação de crianças e jovens de forma positiva.

Confeccionar pequenos cartões e recados para as pessoas da família poderia ser prática cotidiana. Estamos carentes de afeto e consequentemente de demonstrações desse afeto. Presenciamos manifestações de muitos desafetos, basta ligar a tv, olhar pela janela do carro, ler os jornais.

É necessário cultivar o que é bom, que faz bem a alma. Pensando nisso, abri meus guardados (leia este outro post) para dar forma as minhas ideias. Lembranças que nutrem a vida da gente e que muitas vezes foram produzidas no espaço da escola e que se perpetuam em nossa casa e vida cotidiana.

Afetos guardados para sempre


Nesse contexto compartilho um texto precioso que tive o contato via Jornal Estado de Minas  em abril de 2003. Guardo o texto original, folhas amareladas que traduzem a essência de que o "velho" deve ser guardado, preservado, mas depois pode ser compartilhado. Transcrevo o texto de Fernando Brant.Jornalista mineiro que admiro e que gentilmente compartilhou por email o que agora transcrevo. Desde já agradeço ao autor pelo gesto de partilha.

Compartilho o texto  como convite para que cada um leia e pondere : Qual tem sido o espaço e a essência da família? Como andam nossas demonstrações  de afeto?
Boa leitura e se puder deixe seus comentários. Abraços carinhosos....

          OS GUARDADOS DE MEU PAI.
É uma sorte ter um pai como eu tenho. Não o considero coisa rara pois me acostumei a conviver com o tipo de gente que ele é. Ele e minha mãe.
Sempre muito organizado e justo, foi melhorando a cada pedaço de tempo que foi vivendo. Viver é ir-se aperfeiçoando, crescendo em humanidade. Ficou uma fera quando chegou o tempo da aposentadoria compulsória. Se iria continuar recebendo, o certo era continuar trabalhando. O serviço público prescindir da experiência e do conhecimento que adquirira parecia-lhe insensato. Mas assim é a vida e ele teve que continuar criando projetos existenciais por conta própria.
Pai de dez filhos, pai de onze porque a caçula durou pouco, ele foi colecionando, ao longo do tempo, os pequenos pedaços da história de cada um deles. Para cada um, uma pasta. Resolveu, recentemente, distribuí-las aos personagens. Recebi a minha na última semana.
Todas as reportagens sobre minha trajetória estão lá. Carinhosamente, ele coletou tudo que se escreveu a meu respeito e que ele teve conhecimento.
Mas o toque mais fundo, o que estraçalha de emoção a alma, são os    
boletins, as carteiras de estudante, os flagrantes do rapaz que eu fui e que ele guardou para que eu possa, hoje, ter uma noção dos meus primeiros passos. E poder avaliar se o que eu sou corresponde ao que eu era e prometia ser.
Na caderneta de estudante, minha mãe avisava que havia motivo justo para que eu chegasse atrasado ou faltasse à aula. Sua letra, aquela belíssima letra que todas as mães professoras tinham, redondamente afirmava ao colégio que a família estava ciente da trajetória do filho.
O convite de formatura do ginásio, com os nomes de todos os colegas em ordem alfabética, me transporta para salas de aula, recreios de bola de meia, padres neuróticos e uma meninada que poderia ter sido mas não sei se foi. Já o da Faculdade de Direito traz à memória o fato de que o Hildebrando foi o orador da turma, pequeno e audaz como sempre.
No meio dos guardados de meu pai, uma carta que escrevi para eles quando estava me acostumando ao casamento, no tempo em que eu tinha a idade para ser, hoje, irmão do meio de minhas filhas. “ Tudo legal na Ilha Grande, ou Abraão- que é assim que eles chamam a cidadezinha onde fica a casa em que estamos. Um dia chove, outro faz sol: mas é bom, pois assim a pele vai se acostumando. 150 praias e 80 cachoeiras existem ao longo da ilha – é o que me disse um interno do presídio. Não sei se é verdade, pois até agora só conheço uma, em frente à casa em que estamos, bonita, calma, larga. Nos quintais, coqueiros, bananeiras e abacaxis nativos lembram bem este tipo de ilha tropical. A 50 metros da casa, sardinha de graça, ê maravilha”. E a carta se encerrava com o filho acalmando a todos. Estava sendo muito bem tratado pela mulher. “ Fiquem tranqüilos, eu não fugi, eu estou aí.”
Glória aos pais que cuidam assim, que conservam assim a história dos filhos.
                                                      FERNANDO BRANT.