quarta-feira, 27 de junho de 2012

Lenços de Namorados

     
 Em janeiro de 2011 passamos um mês em Portugal, especificamente na cidade de Braga. E para aproveitar o tempo em casa  e os dias procurei saber qual era o artesanato local. Encontramos uma pequena feira  com pinturas, objetos e os bordados. Nada que chamasse tanto a atenção como aqui no Brasil.

      Procurando pelos bordados conheci os lenços de namorados. Assim pude me aventurar  com a agulha e as linhas e chamei de bordado também..rsrs
      Encontrei uma loja, que aliás parecia a única na cidade. Comprei os materiais e expliquei para a vendedora minha curiosidade sobre os lenços ganhei uma  amiga. Aurora é bordadeira e tinha um lenço em exposição na loja e por coincidência tem uma parte da família morando no nordeste.




A empolgação pelos lenços, além da beleza dos pontos se deu pela história que gira em torno deles.Transcrevo  abaixo um pouco que li aqui na net. Os lenços representam compromisso entre um casal.




A Arte dos Namorados é uma componente fundamental da arte e da cultura popular.


Os Lenços de Namorados apresentam-se como a mais genuína forma poética e artística utilizada pelas moças do minho, em idade de casar.

Constituído por um quadrado de linho, ou de algodão, que a jovem bordadeira bordava a seu gosto, o lenço dos namorados fazia parte do traje típico feminino, mas tinha outra função a desempenhar: a conquista, pela moça do jovem por quem se apaixonara.

Não há muito tempo ainda que toda a rapariga Minhota começava muito cedo a bordar.

Quando mais tarde, casadoira, os olhos teimavam em fugir-lhe para o jovem que no seu intímo já escolhera, começava a bordar o lenço que lhe destinara, dando largas aos sentimentos mais intímos.

Era costume ensinar às raparigas a arte de bordar para que mal entradas na adolescência começassem a preparar o enxoval. O lenço era bordado então, nas longas noites de serão, nos momentos livres do dia ou aquando do apastoramento do gado, pela rapariga apaixonada que ia transpondo para o lenço os sentimentos que lhe iam na alma. A rapariga usá-lo-ia ao domingo na trincha da saia ou no bolso do avental; mais tarde oferecê-lo-ia somente ao rapaz que amava como compromisso de amor, este passaria a usá-lo ao pescoço ou no bolso do casaco do fato domingueiro.

É considerado o século de apogeu dos lenços de namorados o período entre 1850 e 1950. Muitos dos lenços encontram-se conservados nas famílias, mas já existem alguns em museus. Entre os textos bordados sobressaem as quadras de inspiração popular. 

Desde o ponto de vista linguístico constituem um documento de excepcional valor: bordados em longo trabalho por bordadeiras de escassa alfabetização escrita, apresentam a língua popular do modo mais directo, nos seus diferentes aspectos: fonética (bai 'vai', cando 'quando', mailo 'mais o', 'e o', num 'não'...), morfo-sintaxe, léxico. Os textos analisados tal como aparecem nos lenços, com todos os seus "desvios" da língua culta e da ortografia padrão, conservam assim todo o seu valor documental como testemunhos da fala popular. 

Diante de uma linda história sobre os lenços segui com os meus bordados de alguém iniciante, mas apaixonada por tudo.







Eles ainda estão por terminar, mas mostro um pouco para que conheçam. Os bordados a seguir não são meus, perdi a fonte da net para atribuir autoria. Procurei ver neles os pontos e desenhos mais comuns. Na semana em que vinha embora encontrei uma revista e comprei. Assim consegui trazer um pouco mais sobre como fazer os lenços e estou criando os meus Lenços de Amizade.







segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ou isso ou aquilo


O dia passa e a vida segue com muita similaridade ao poema de Cecília Meireles. Causa-me uma inquietação viver em tempos de dúvidas e  escolhas. Serão corretas as decisões? Foram boas as escolhas? O poema não é tão infantil como eu pensava....



Ou isto ou aquilo

Cecília Meireles

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
 
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
 
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
 
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
 
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
 
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!
 
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
 
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.